Todo mundo sabe que eu tenho uma posição política contundente contra a prática de testes de dopagem, contra a existência da regulamentação para o uso de ergogênicos, bem como seus órgãos, como a WADA. Já expus longamente mais de uma vez as bases desse argumento.
No entanto, criei um curso sobre “uso, abuso e mau uso de substâncias ergogênicas” precisamente porque estas três classes de comportamento existem.
Os levantamentos que fiz indicam que não mais do que 6% do abuso de esteróides tem alguma relação com atletas: o problema são mesmo praticantes recreacionais sem orientação médica.
Vi muito disso em “academia boate”, estes antros de futilidade onde impera a formolatria. Era predominante entre homens.
Ando atualmente espantada com a expansão desenfreada do mau uso e abuso entre mulheres, algumas não tão vitimadas pelo baixo nível educacional e falta de ferramentas para utilizar a informação disponível.
Moça: não faz NENHUM sentido você comprar bomba prescrita pelo vendedor
– para ficar gostosa para o verão – isso você consegue melhor SEM bomba, sério mesmo. Bomba não confere gostosura. Treino e dieta, sim.
– para o primeiro campeonato de crossfit, supininho, powerlifting, pebolim ou bolinha de gude. Na boa, isso é patético. Você está sendo apresentada (se tiver sorte) a uma modalidade esportiva. Se for o caso de você ter a estrutura emocional e cognitiva de um campeão, além de um help da genética, isso poderá ser uma questão para você dentro de alguns ANOS. Não seja ridícula.
Andrógenos são medicamentos sérios com inúmeras aplicações importantíssimas. Têm um lugar no esporte que só nega quem é muito hipócrita. No entanto, só no alto rendimento, onde pequenas diferenças separam o primeiro do vigésimo lugar e onde a recuperação é crítica num regime de treinamento altamente inflamatório e desgastante. Mesmo assim, é possível chegar lá sem alguns destes recursos ergogênicos mais tóxicos. Nunca, de forma alguma, qualquer uso deve ser feito sem orientação médica.
Medicamento nenhum foi feito para se tomar feito balinha.
Tome vergonha na cara e não seja mais uma unidade nas tristes estatísticas de abuso de drogas. Ou não tome vergonha na cara e assuma seus problemas emocionais graves, sua tendência à drogadicção e procure ajuda psicológica.