Começou como uma quase brincadeira e ganhou impulso. Há alguns anos, Claudio Gomes Pereira partilhava com os próximos esta sua idéia de que as múltiplas expressões da força, em suas manifestações esportivas, poderiam ser combinadas num tipo de prova holística. Não é a primeira e nem a última vez que alguém propõe combinações de modalidades esportivas em “super-provas”. Há mais de dez anos, houve iniciativas de reunir os dois levantamentos de peso – powerlifting e weightlifting – numa “super-prova”. O próprio Strongman, como esporte, reúne manifestações de força estática e dinâmica, além de resistência. Alguns atletas são competentes em múltiplos esportes. Um termo aplicado a estes atletas é “cross-athletes”. O exemplo mais célebre é Mikhail Koklyaev, multi-campeão russo de levantamento olímpico, powerlifting e atleta profissional internacional de Strongman. Talvez o precursor mais célebre tenha sido Jon Páll Sigmarssón, que foi tudo isso e também bracista e fisiculturista.
O Strongman, no entanto, apesar de incluir provas com manifestações de força máxima, outras de potência e outras de resistência (bem como combinações delas), tem seu próprio repertório. O terra é parecido com o levantamento terra do powerlifting, mas não utiliza nem o mesmo equipamento e nem as mesmas regras de execução.
Crossfit idem: contém elementos dos esportes de força executados, no entanto, em contexto inteiramente distinto de suas modalidades de origem.
Existem multi-provas e super-provas como Spartan Race e outras que seguem uma filosofia de hibridização de desafios físicos e intensidade alta, sendo esta o grande apelo mercadológico (“Spartan”, cá para nós, é o nome da vez). Nenhuma, no entanto, encara de frente o rigor metodológico do respeito às regras esportivas de modalidades consagradas.
Claudio é um estudioso da força e dos esportes de força. Perguntou-se inicialmente como seria combinar provas dos dois levantamentos de peso com girevoy e kettlebell Sport, estritamente dentro das regras reconhecidas para estes esportes.
Propondo um balão de ensaio em público, Claudio teve em poucas horas uma avassaladora resposta dos amantes dos esportes de força: para nossa surpresa eles não apenas entrariam de cabeça como propunham acrescentar desafios.
Nascia, assim, o Brazilian Strength Insanity Decathlon: uma competição com dez provas executadas estritamente segundo as regras consagradas de seus esportes individuais de origem e realizadas numa seqüência lógica de demanda neural e esforço. Claudio organizou-as assim no intuito de minimizar o inevitável efeito lesivo que a execução de esforços de força variados e em intensidade extrema.
O projeto está cada dia mais estruturado. As regras de execução e forma de integrá-las está pronta. A estrutura física e arquitetura do evento, idem.
Se investidores terão a perspicácia para entender que, ao contrário de outras combinações, o Decatlon de Força, por seu rigor em regras e métodos, tem muito maior chance de resiliência e permanência diante das tendências do mercado esportivo de devorar propostas mirabolantes e depois cuspir carcaças vazias, é uma incógnita e um desafio para todos nós.