Estamos falando de campeonatos de qualquer esporte organizados por grupos que não estão institucionalmente ligados a nenhuma federação ou organismo formal. No nosso caso do powerlifting, nenhuma federação.
Em geral são campeonatos organizados por uma pessoa ou uma academia, que, dando certo uma vez, são repetidos e acabam conquistando a simpatia de praticantes que, em sua maioria, não buscam os campeonatos formais das federações. Os motivos para isso são variados, sendo o principal a proximidade: estes campeonatos dão conta da vontade de competir e da dificuldade em se deslocar para lugares distantes.
Quero deixar cristalinamente claro que NÃO SOU NADA CONTRA estes eventos. Muito pelo contrário. Vejam, companheiros, colegas e atletas: uma competição oficial sancionada requer uma preparação de meses, autorização da matriz internacional (se a coisa é séria, claro), programas e planilhas padronizadas, árbitros treinados de acordo com cada livro de regras específico do órgão de sanção, divulgação de regras, taxas, etc. com grande antecedência entre mil outros detalhes que não apenas envolvem muita gente, gente que tem trabalho remunerado fora do esporte, como custa caro (MUITO caro). Além disso, os campeonatos sancionados cobrem diferentes categorias de uso de equipamento, sexo, idade, muitas categorias de peso, gerando assim uma grande complexidade na formatação dos rounds e um grande custo em premiação. Assim, bons eventos sancionados são poucos no ano. E devem ser poucos.
Se não houver um certo número de campeonatos regionais, municipais e por academia, mais simplificados e, portanto, não-sancionados, que permitam a POTENCIAIS atletas ter algum contato com o powerlifting, a verdade é que não daremos conta do recado. Em sua maioria, estes eventos não sancionados por alguma federação têm classes de peso e idade mais simplificadas. São mais fáceis de organizar, encaminhar e premiar. As súmulas são menos complexas e não há necessidade de prestar contas a nenhuma instância superior.
Nós, da ANF (Aliança Nacional da Força), estamos aqui, entre outras coisas, para dar apoio no que for necessário. Quer fazer um campeonato na sua academia? Na sua cidade? Quer entender como funciona para se aproximar do padrão do esporte? Quer um curso de arbitragem? A gente ajuda! Isso não quer dizer que a gente sanciona.
Espero com isso ter ficado claro que quando eu critico duramente o “powerlifting de fundo de quintal”, não é a estes eventos não sancionados que me refiro. Me refiro aos que se pretendem “oficiais” e são um show de desrespeito ao esporte, com regras aleatórias e estranhos jogos de interesse aparentemente a serviço de politicagem local ou mesmo apenas hipertrofia de EGO.