(minha preocupação com a opinião alheia quanto ao conceito popular de arrogância, humildade e outras coisas assim é basicamente inexistente – eu educo, gosto disso e sou ótima nisso):
1. Usar palavras em outro idioma, por escrito, deve obedecer o grau de absorção do termo pela cultura local (como “sutiã” e não soutien em francês). Ninguém diz que vai jogar “basketball” e sim BASQUETE: já foi aportuguesado.
2. Não é o caso de POWERLIFTING. Assim, se quiserem usar um termo em português, usem LEVANTAMENTO BÁSICO. Pelo amor de deus, não usem POWER LIFTING (com as palavras separadas).
3. Por que, meu deus, fazer um maldito poster no Brasil, por gente que nem “the book is on the table” domina, e escrever CHAMPION SHIP? Sabem o que é Champion Ship? É o NAVIO DOS CAMPEÕES. Já CHAMPIONSHIP é CAMPEONATO.
4. Levantamento terra, em espanhol, “despegue”, é DEADLIFT. Quer dizer: LEVANTAMENTO DE PESO MORTO. Agora DEAD…. LIFT (separadinho, como os idiotas gostam) quer dizer levantamento de cadáveres. Se você quer fazer um campeonatinho não sancionado na sua cidade, vem com a gente que você “passa de ano” (outra expressão errada). Mas acredite em nós: a gente sabe.
5. Por favor, por favor, parem de escrever STRENTGH!! Eu sei que é uma palavra de grafia difícil. Porque você é brasileiro e não aprendeu inglês ! Deixe o idioma deles em paz! A palavra força é STRENGTH! Tem um “g” mudo e um “th” no fim! Você não manja inglês? Deixa a língua quieta! Use FORÇA! Palavra bacana! Usar um termo em inglês sendo que você é literalmente analfabeto no idioma é apenas ridículo. Aprenda o Português que está de bom tamanho. É uma língua muito legal (o Português).
(Resposta dada a um comentário)
Fábio, o Edu foi super didático em cima de um tipo de abordagem bastante sofisticada em antropologia cultural, que é o conceito de “marca de distinção”. Outro dia brincávamos com os nomes dados a filhos. Pessoas de estratos sócio-econômicos menos privilegiados e educacionalmente deprivadas tentam dar nomes aos filhos com os quais “alavanquem” estas crianças ao que interpretam como o nível acima. Viram Wellertons, Wemersons, Daianes, etc. Aos olhos da elite cultural, é igualzinho a um selo tatuado na testa do indivíduo, do qual ele nunca se livrará: a marca da deprivação educacional. Ruim, a gente luta contra a exclusão. No Brasil, no powerlifting, temos dirigentes que reunem características perversas: são ao mesmo tempo educacionalmente deprivados, porém, por questões relativas a coisas pouco explicitáveis, incluindo a economia paralela, adquiriram substancial quantidade de PODER DE FATO. Em parte, exercem esse poder aterrorizando atletas e/ou trazendo-os para o âmbito da “flexibilidade moral” (= corrupção). Estas patéticas tentativas de anglicanismos se enquadram em tal comportamento. O atleta pronto a ser corrompido participa de um “Champion Ship” (navio de campeões), NÃO TEM sua marca registrada em lugar nenhum e realiza um DEAD…. LIFT fora da codificação tradicional dos eventos full power (assim se traz mais atletas, mais inscrições, mais dinheiro e R$3.000,00 de “taxa de sancionamento” fake). O falso inglês serve para isso. Seria como amanhã ou depois a gente começar a nomear nossos campeonatos em russo, com alfabeto cirílico, para dar um ar “russo” à ANF. Enfim, a pseudo-arrogância cultural de nós todos aqui, olhada com um pouco mais de profundidade, é um ato de subversão contra 40 anos de domínio de uma camarilha corrupta e inculta. Não temos as ferramentas (e nem queremos ter) para lutar de igual para igual com ela: isso incluiria entre outras coisas um três-oitão e contatos no sub-mundo. Thanks: não estudamos a vida toda e prestamos votos no altar da ética para isso. O que temos é nossos anos de intimidade com a norma culta a qual, no nosso caso podemos colocar à serviço de qualquer coisa: desde apresentar um trabalho num congresso científico de alto nível, até elaborar uma cartilha em “plain language”, fontes sem serifa, grandes, para a população de baixíssimo nível educacional sobre nutrição e atividade física. É nossa prerrogativa e fazemos isso. Quanto ao valor do erro e do engano, não há ninguém que os valorize mais do que quem dedica a vida à construção, sempre provisória, do conhecimento científico. Bem-vindo, colega!