Por anos você tinha certeza de que só seria feliz como arquiteto, mas um dia se deu conta de que só tem lido e pensado sobre psicologia. Que nas poucas situações em que consegue imaginar um futuro, está estudando ou praticando psicologia. Onde ficou a arquitetura?
Você tentou desesperado tirá-la da cabeça. Quanto mais tentava, mas se pegava pensando nela: enquanto dirigia, no banho ou tomando café. Em cima de outra na cama, recebendo mensagens de uma terceira, você só pensava nela. Três anos se passaram e nada. Um dia você se deu conta de que não pensava mais nela há três meses. Não pensava, não dava um google no nome dela, não olhava o perfil dela no facebook e principalmente não falava o nome dela. Nesse dia você pensou nela e, perplexo, se deu conta de que era uma estranha sem significado nenhum.
Você só pensava em voltar para Paris. Só lá seria feliz de verdade novamente. Fez planos, contatos, manteve correspondência. E agora, no barco, no meio do Pantanal, indo para o projeto com os colegas, se deu conta de que não pensa mais em Paris há 5 meses.
Como foi que você desencanou?
Como se faz para desencanar?
Não sei, mas é uma das maiores vitórias da gente. É quando nos damos conta de que aconteceu aquela coisa mágica do tempo: o presente finalmente virou passado.