Em primeiro lugar, “vitaminas e sais minerais” não corresponde a uma categoria de ação fisiológica. Existem centenas de efeitos agrupáveis em várias categorias, que podem ou não estar relacionados a performance esportiva. Vamos começar pelo mais fácil: STRESS OXIDATIVO. Boa parte das “vitaminas e sais minerais” são co-fatores enzimáticos em reações de oxi-redução. Enquanto a evidência aceita (que também merece muito acréscimo de novas pesquisas no campo da performance esportiva) indica que as quantidades dos mesmos para esta finalidade seja bastante limitada, é fato que a atividade esportiva representa um grande aumento do stress oxidativo. A atividade enzimática anti-oxidante aumenta muito por este motivo. Parece intuitivo que o suprimento de vitaminas e sais minerais seja benéfico. No entanto, além de seu papel como co-fatores, estes micro-nutrientes são também anti-oxidantes com outros mecanismos de ação, principalmente em peroxidação de membrana e dano em DNA. Algumas pesquisas indicam efeito anti-oxidante importante na suplementação com vitaminas e sais minerais.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8776010
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18427418
É importante salientar que trata-se de um campo minado por controvérsias. Vários grupos de pesquisa têm trabalhado em torno da hipótese de que a suplementação com anti-oxidantes, em especial vitaminas e sais minerais, não só é inócua em termos de performance como pode ser negativa. Algumas pesquisas associam a suplementação com altas doses de determinadas vitaminas a maior mortalidade.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11684385 (discussão sobre resultados inconclusivos)
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19902983
Outro tipo de ação importante para compreender o efeito de vitaminas e sais minerais no esporte é a inflamação e imunidade. Existe alguma evidência para uma ação positiva em geral, mas praticamente não existe pesquisa sobre esse tema em atletas. Pode-se especular que o motivo sejam as dificuldades metodológicas.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22502622
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22371640
É preciso chamar atenção sobre a apresentação de evidência publicada e os interesses envolvidos (indústria farmacêutica, adesão a paradigmas nutricionais, etc.). Um exemplo é o consenso, entre ortopedistas, sobre os efeitos benéficos da suplementação com condroitina e glucosamina em artroses e artrites. No entanto, a síntese sistemática da Cochrane Foundation aponta inconclusividade das evidências.
Assim, é importante considerar, além de uma análise crítica das publicações científicas nos campos da fisiologia do esporte, nutrição, entre outras, a prática de consultório em medicina e nutrição esportiva (com igual cuidado quanto aos interesses envolvidos).