A ANF é membro de duas federações internacionais: o WPC (World Powerlifting Congress) e a IPL (International Powerlifting League). http://www.worldpowerliftingcongress.com/bzl.htm e http://www.powerlifting-ipl.com/
Vamos começar por algo que a maioria aqui não sabe: hoje temos algo entre 25-30 federações mundiais de powerlifting. As maiores, como o WPC, o GPC e a IPF, tem mais de 30 países associados. (http://www.powerliftingwatch.com/powerlifting-federations veja aqui, contando não apenas as que se nomeiam internacionais como as demais, sob “United States”, que também são)
Algumas das menores o são porque sua proposta não “pegou” e outras porque foram fundadas recentemente, como a própria IPL, à qual somos filiados.
O WPC é uma organização grande e hoje congrega os melhores atletas, seja através de suas representações nacionais, seja através dos “abertos” (“Open”). Ela tem uma longa história, foi fundada por Ernie Frantz, que é um personagem histórico de grande importância do powerlifting. http://www.worldpowerliftingcongress.com/WPC%20History.htm
A IPL foi fundada recentemente. Ela é um desdobramento internacional da grande USPA (United States Powerlifting Association http://uspla.org/home/). A USPA está presente em 24 estados norte-americanos, sendo possivelmente a maior organização daquele país. A decisão de se tornar internacional e fazê-lo cautelosamente atraiu a atenção de alguns de nós, da comunidade internacional.
Para organizar um campeonato nacional com sanção internacional, o procedimento ideal é primeiro obter autorização da matriz e depois enviar os resultados formalmente à mesma. Nem todas as matrizes requerem procedimentos formais para isso. A IPL requer, como o leitor pode verificar na imagem deste artigo.
O problema quando não é feito este controle rigoroso da filial pela matriz é a profusão de distorções que vemos por aí, não apenas no Brasil. Nosso país, infelizmente, prima pelo abuso neste quesito: cansei de ir a campeonatos supostamente sancionados por algo internacional para ouvir do organizador que a súmula “se perdeu” ou “o computador quebrou”, de modo que os resultados jamais foram para a matriz. A verdade é que a maioria dos campeonatos, mesmo tendo uma bandeirinha de federação internacional na arte do pôster, não segue estes procedimentos.
Os motivos são diversos e as próprias matrizes têm alguma responsabilidade nisso. Assim como a IPL requer de mim um documento assinado (e pago) onde eu, como representante nacional, me comprometo com uma série de itens de qualidade do evento, outras organizações optam por relações mais frouxas. Se considerarmos que a maioria dos mais de 30 países das organizações grandes têm dirigentes que se comunicam muito mal em inglês, talvez possamos compreender (mas não necessariamente justificar) esta opção.
Sem um controle rígido, com regras mais frouxas, talvez a organização internacional ganhe em crescimento. Perde o atleta, que não sabe onde foi parar sua marca (onde está registrada? Este registro é reconhecido pela matriz?) e nem se o Record do outro atleta, de outro país, foi estabelecido em condições equiparáveis às suas.
A nossa opção foi a da “coisa feita como deve ser”, ou seja, com rigor. Assim, tratei o WPC como trato a IPL: tenho todos os registros de solicitação e comunicação de resultados, bem como toda a discussão sobre procedimentos. No caso da IPL, é melhor ainda: posso exibir aos atletas a prova documental de que o procedimento foi seguido formalmente.
Sim, dá trabalho e requer experiência. Sim, isso tudo tem um custo. Não, isso infelizmente não é apreciado pela maioria dos atletas: a maioria sequer sabe o que se passa antes dele entrar no tablado e, depois de premiado com uma estatueta ou medalha qualquer, nem vai verificar se suas marcas estão registradas num site oficial.
Culpa do atleta? Não! Culpa, em primeiro lugar, do nível educacional precário da maioria para quem tudo isso aqui é grego. Em segundo, culpa do fato de que tudo isso que estou descrevendo é OPACO (não é transparente, visível, conhecido) a todos exceto aos dirigentes e do círculo interno.
Minha escolha é tornar tudo transparente. Espero que isso contribua para uma transformação efetiva das relações entre os participantes (atletas, organizadores, dirigentes) neste esporte.