Raiva, frustração e solução: o doce e o diabético

(Um “salve” para a Candy ProFit )

Quando eu tinha uns oito ou nove anos tinha um menino na minha classe que tocava o terror com vontade. O que você imagina que uma criança dessa idade pudesse fazer, ele fazia isso e bem mais. Eu tinha um pouco de receio de me aproximar dele. Afinal, eu não entendia aquele comportamento. Um dia minha mãe me explicou: “ele é revoltado: ele tem diabetes”.

“O que é diabetes, mãe?” Ela me explicou que era uma doença grave com a qual as pessoas nascem e aí não podem comer açúcar ou nada doce.

Certo. Mas eu também não podia. Eu tenho uma hiperinsulinemia reativa grave e muito cedo fui proibida de consumir doces, além de várias coisas que eu (e todo mundo) gostava muito. Só que, diferente do menino-terror, eu não entrava em coma e o mundo não vinha abaixo se eu roubasse um brigadeiro. E eu roubava muitos, muitos brigadeiros.

Diabetes é o termo que se refere a um grupo de desordens metabólicas onde ocorrem períodos prolongados de hiperglicemia, ou taxas muito altas de açúcar no sangue. Quase todas as formas de diabetes estão associadas a determinantes genéticos. Hoje existem estudos que mostram outros componentes importantes, como a inflamação e o papel da microbiota não apenas intestinal, mas simbionte/parasita em diversos outros tecidos do nosso corpo.

Fascinante, mas não muda o fato de que ser portador desta condição implica restrições alimentares que não são agradáveis. As reações de revolta do portador de diabetes são tão maiores quanto mais jovem for o paciente e também estão associadas a combinações de estressores externos. Pacientes idosos voltam a se sentir revoltados com a restrição de doces, que são alimentos de conforto, dada a onipresente questão da mortalidade.

Visto dessa ótica, o doce “diet”, ou sem açúcares que aumentem a glicemia, tem um papel diferente do que normalmente visto. Por falta de uma discussão mais aprofundada sobre as questões emocionais associadas à restrição de açúcar em diversas populações especiais, o doce diet é visto como um luxo, uma “frescura”, um item supérfluo na dieta de qualquer pessoa.

Não é. A revolta e seus componentes – depressão, ansiedade, raiva incontida – geram stress e inflamação. Stress e inflamação sozinhos deflagram uma infinidade de desequilíbrios e desordens secundárias.

O doce diet não apenas supre o desejo pelo doce, como, controlando a revolta à restrição alimentar, aumenta a chance de adesão a um programa dietético.

Finalmente, não são só os diabéticos que necessitam restringir açúcar: diversos pacientes de desordens neurológicas e psiquiátricas também precisam. Nem preciso enfatizar o quanto o impacto emocional da restrição é relevante nestes casos.

Escrevo este texto chamando atenção para um tema sobre o qual pouco se estuda e para estimular a empatia. Não é “frescura” do paciente. É uma revolta muito justificada.

Também escrevo para parabenizar a amiga e colega Carolina Barbosa, que resolveu se dedicar ao desenvolvimento de produtos para esta população criando a empresa Candy ProFit. Os produtos da Candy ProFit são desenvolvidos também com a preocupação de fornecer nutrientes necessários para a construção de tecido novo (não é só um “doce de mentirinha”), o que faz o produto muito interessante para atletas e pessoas comprometidas com treinamento físico.

Eu provei os doces da Candy ProFit: são deliciosos. Posso confirmar que minha revolta diminuiu instantaneamente – com o que quer que fosse o estressor do momento.

 

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