Abrir mão de um projeto (profissional, artístico, esportivo ou qualquer outra coisa) “pelo outro” não é prova de amor, não é romântico e nem bonito. Ninguém abre mão de nada pelo outro. Se o outro usou de estratégias de manipulação, ou se é de fato frágil a ponto de ter demandas imensas, a sua incapacidade em administrar a preservação do seu projeto e equilibrá-la, se possível, com a demanda do outro, é uma deficiência ou problema seu. Fazer isso polui e contamina o ambiente relacional para gerações futuras, educadas, cada vez mais, sobre o paradigma de relações tóxicas.
Exigir participação no projeto do parceiro ou se impor nas relações pessoais dele é parasitismo.
Cobrar restrição de tempo para o tempo privado e projetos do outro é limítrofe entre parasitismo e predação.
Destruir um projeto do outro, cortar uma carreira esportiva ou artística, impor a prioridade de si mesmo ou do casal sobre o projeto do outro é predação agressiva.
A miséria afetiva é tudo que vemos olhando em volta de nós: relações tóxicas se tornando mais tóxicas. Um ar relacional e afetivo poluído por perversidade e trocas psicopatológicas.
A floresta interacional está sendo queimada por atitudes imorais promovidas a romantismo, a diversidade de afetos dizimada em nome da manutenção de uma estrutura familiar hipócrita e doente.
Cada pessoa que mantenha relações afetivas mais saudáveis e seguras, por definição pautadas na autonomia, independência e promoção da individualidade, está contribuindo para um futuro relacional mais limpo, diverso e vivo.
Decidir finalizar uma relação tóxica não é só bom para você: é bom para o futuro da humanidade.