Vamos lá, conceitos:
“BRASIL”
– não joga bola
– não está doente
– não é forte
– não é fraco
“BRASIL” é o nome atribuído a um país. País é uma entidade em geografia política que pode designar um Estado soberano ou uma região ocupada. “Brasil”, no caso, designa um Estado soberano. País é uma coisa definida pela independência no exercício de sua jurisdição, entre outras coisas. Ou seja: cada país tem um sistema legal, um governo, etc. Cada país organiza sua economia de acordo com os interesses dominantes dentro dele.
País NÃO designa:
– um desejo ou conjuntos de desejos coletivos
– interesses homogêneos
– uma única população do ponto de vista cultural, étnico ou econômico
“Brasil” designa um país com um perfil de grande heterogeneidade:
– cultural
– sócio-econômica
– histórica
– étnica
– de projetos políticos
Esportes são jogos institucionalizados que podem ou não ser praticados por diferentes países. Neste caso, os dirigentes das federações nacionais podem ou não querer organizar jogos mundiais. Se forem esportes profissionais com muito dinheiro envolvido, essa decisão é quase que exclusivamente política (pois fortalece ou enfraquece certos grupos políticos) e econômica (investidores).
No caso de um esporte como o futebol, que é o paradigma deste tipo de horror esportivo no Brasil, quem entra em campo NÃO é o “Brasil”, e sim onze atletas profissionais que fazem parte da equipe brasileira. Quem chuta, defende gol, etc. NÃO é qualquer outra pessoa além destes onze jogadores.
Quando eu subo num tablado usando um macaquinho verde e amarelo que ganhei de um treinador Romeno, Dragos Stanica (mas que treina a equipe brasileira de levantamento de peso, é meu amigo e me presenteou com o macaquinho como gesto de apoio e carinho), quem agacha NÃO é o Brasil; quem faz supino NÃO é o Brasil; quem faz levantamento terra NÃO é o Brasil. Sou eu, com ZERO apoio do governo brasileiro e nem mesmo uma cartinha para meus apoiadores (sim, eu tenho) poderem descontar a contribuição deles a mim no imposto de renda.
Eu, os caras do levantamento olímpico, do rugby, to judô, do tênis, não somos nem menos, nem mais atletas do que os onze caras que estão jogando na Copa da FIFA. A diferença está na grana que eles recebem, e nós não.
Continua sendo verdade, no entanto, o fato de que quem joga NÃO é o Brasil, e sim o sujeito que treinou para ser bom naquilo. Estimular essa identificação forçada com o cara que está em campo é uma porção de coisas ruins do ponto de vista da manipulação política. Mas também é estimular a perversidade do parasitismo sobre a excelência alheia.
Mas isso é uma longa história, que fica para outra hora.