Não: não existem referências decentes neste assunto. Só bobagem. Se você encontrar uma, por favor envie e comente. Estamos na pior época de chuvas em São Paulo e não há mais comida na minha casa. Saio dela estritamente para o essencial (treino). Eu tenho horror à chuva. Não sei descrever exatamente o conjunto de emoções negativas, mas como em mim quase tudo termina em raiva incontrolável, é nisso que chegou. Sim, tenho medo. Especialmente quando troveja e começam a aparecer goteiras pela casa. Sinto a podridão invadindo meu mundo. Começo a me sentir sufocada e sem ar, como se a chuva suprimisse o ar respirável lá fora e logo a casa fosse ficar sem oxigênio. Meu limite para esta estação de chuvas está quase “lá”… Penso que se eu vivesse em Seattle, já teria cometido suicídio, já que nesta cidade o tempo só é seco cerca de cinco dias no ano.
O que me traz a uma hipótese interessante e inexplorada: se hoje sabemos que a depressão sazonal está ligada à quantidade de luz registrada pelo cérebro na variação diária de luminosidade, a qual, em algumas pessoas, regula a produção de serotonina, por que será que a chuva não teria um efeito semelhante? É ou não é uma hipótese interessante? A chuva começa produzindo apenas uma irritação desagradável em mim. Detesto umidade, cheiro de coisas mofando, não suporto sair de casa e chegar à porta do carro com a roupa toda cheia de pingos que logo se espalham e produzem aquela sensação grudenta por horas e horas.
Quando chove, tenho vontade de tomar banho o dia inteiro – me sinto suja, sinto que o mundo está sujo. Nesse estágio, a ansiedade já está tomando conta de mim a ponto de atrapalhar minha produtividade e pensamento. Me sinto tensa, busco benzodiazepínicos.
À medida que o tempo não melhora, que os dias se mantém nublados ou que a chuva se torna intermitente, me sinto além de ansiosa, deprimida e pessimista. Pensamentos negros começam a invadir meu raciocínio normal. “Invasive thoughts”. Luto contra eles, dizendo que são apenas um sintoma. “É só uma alucinação”, como diria Nash.
Mas aí vem o terror … Quando começa a chover no meio da noite, o barulho dos pingos no telhado me acorda com taquicardia. E isso é medo, não raiva…
De onde vem isso?…
Não sei…
Tanta coisa nova que não sei de onde vem…
Marilia