A corrida de obstáculos até Ohio – Parte 2: por que RPS International Open

Participar do RPS International Open foi uma dessas coisas onde conflui tudo que é improvável: todo mundo que conhece o be-a-bá do powerlifting de alto nível tem em certos eventos uma referência. Os grandes campeonatos mundiais de grandes federações são alguns. O Olímpia é outro. Os eventos paralelos ao Arnold’s são certamente uma grande referência.

O XPC é uma coalizão de organizações (http://www.xpcpowerlifting.com/ ). Há alguns anos vem organizando um evento de powerlifting no final de semana do Arnolds, no Veterans Memorial Auditorium. Esta é mais uma daquelas instâncias que revela a natureza multi-federativa deste esporte: enquanto a entidade comercialmente ligada à empresa que realiza o Arnold’s Festival é a IPF, desde que o WPO não é mais, o XPC vem crescendo em popularidade com seu evento “multi-ply” (powerlifting equipado) onde os participantes são atletas convidados.

Desde que optei pelo powerlifting raw, esse passou a ser um daqueles sonhos que ficam para a outra. Outra estação, outra vida, outra hora. Outra vez aquele dilema me dilacerando (só um pouquinho) por dentro: botar camisa e macaquinho de novo e entrar no circuito dos grandes eventos ou respeitar o meu desejo e continuar pelada? Lembrei do Louie Simmons me dizendo que raw não faz mais sentido, que eu deveria voltar para o equipado que onde está “a ação”.

Em janeiro deste ano apareceu uma notificação no meu e-mail sobre um evento do RPS http://www.revolutionpowerlifting.com/ , dirigido por Gene Rychlak, que é parte da coalizão do XPC. Aliás, Gene Rychlak é o vice-presidente do XPC. Era esse NAPR/RPS International Open, que virou RPS International Open. À primeira vista pensei que era o próprio evento do XPC e olhando de perto me espantei com o fato de haver uma divisão raw. Escrevi para Gene e estavamos convidados.

Eu não sei direito até agora a historia deste evento. Os Rychlak estiveram bem ocupados e, cá para nós, nenhuma destas perguntas no powerlifting é de rápida resposta. Nem eu me senti muito à vontade perguntando. Uma hora vou entender e conto para vocês.

Muito sinceramente, e deixo isso bem claro, curto o RPS, já fui a eventos deles, tenho ótimas relações com os Rychlak mas minha relação mais forte é com a causa encabeçada por eles, Power Against Violence and Abuse (PAVA). Quem me segue sabe que tomei uma decisão irreversível de não me envolver mais em política e organização no esporte.

Assim, foi onde decidi começar meu ano competitivo. No que exatamente, talvez eu descubra, talvez mais ou menos. O cenário está mudando dia a dia. Mas sei que é entre levantadores de marcas de verdade (porque tem as de mentirinha), dentro de um ambiente que respeito e onde sou respeitada. Os recordes mundiais da RPS são semelhantes aos das organizações fortes e pertenciam a atletas russas. Agora o de levantamento terra e total são meus.

Como eu me sinto? Cumprindo meu papel e realizando meus sonhos no esporte. Acho que desde o ano passado caiu a ficha de que a brincadeira mudou, que ter feito as marcas históricas que eu fiz me colocou num outro patamar. Um contexto legal, confirmatório de uma escolha que eu fiz, de uma aposta ousada na natureza dos limites convencionais, da qual eu acabei virando uma espécie de porta-voz. Mas também um contexto com as devidas responsas e expectativas, que eu administro da melhor maneira que posso.

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