Com a epidemia de modalidades “light” de treino se apelidando de “funcional” para ganhar cliente, vamos aos esclarecimentos. “Treinamento funcional” é qualquer programa de treinamento que tenha FUNCIONALIDADE. Funcionalidade corresponde à TRANSFERÊNCIA dos ganhos de algo praticado no treinamento para um movimento ou função “alvo”. Por isso as pessoas sérias que estudam treinamento o chamam de “treinamento movimento-específico” ou “dirigido ao movimento” (existem diferenças). O treinamento funcional representa um movimento em direção contrária à ênfase estética que dominou o mercado do Fitness durante os 40 anos em que se transformou numa tendência macro-econômica de estável crescimento e enraizamento no capitalismo contemporâneo. Enquanto, durante 30 anos, o mercado de fitness foi dominado pela indústria de máquinas de movimento guiado, que procura isolar um determinado músculo para estimulá-lo à hipertrofia, nos últimos 10 anos foi crescendo uma onda que enfatizava o oposto. Em vez de isolar, a idéia era integrar em movimentos complexos. Num resumo super resumido, é isso. Assim, não há nada mais funcional para “a vida como ela é” do que um treinamento baseado em movimentos que cubram o alfabeto do movimento humano, ou seja, que se baseiem nos movimentos de AGACHAR, EMPURRAR e PUXAR. Agachamento, supino e terra. Powerlifting. Esqueça as bolas suíças e as frescuras de madame e pegue uma barra carregada. “Treinamento funcional” não pode virar desculpa para conivência com o medo civilizatório da FORÇA. A força, essa sim, é a primeira coisa que precisa ser recuperada para uma VIDA FUNCIONAL.